Jogos de Cena: IMERSO EM AZUL.

 Eu do nada lembrei do conto que eu comecei a escrever no final do ano de 2017. Não sei quando ou se vou terminar um dia, por isso coloco na integra, cheio de erros kkkk precisando de formatação, mas vai assim mesmo aqui. É um conto espirita, muito interessante. Coloquei o nome de: 


IMERSO EM AZUL. 


Boa Leitura:



                                                              IMERSO EM AZUL 


                                              As Pessoas Não Morrem Ficam Encantadas 

                                                             ( Fernando Pessoa ). 


    Tudo que Pietro se recordava em cima da maca, todo coberto de dores, naquilo que lhe gritava dentro do coração, lameado das lembranças do carro no fundo do mar agora preso às suas recordações eram fragmentos de uma dor física. A ultrapassagem, a pressa em chegar logo em sua casa, o grito de seu cunhado o carro batendo contra a mureta de proteção da via o impacto com a água fria de congelar a espinha o último instante na escuridão, preso ao cinto, a mão de Déo, seu cunhado, tentando lhe puxar, e até a última decisão de soltar as mãos dele para que ele pudesse sobreviver, a agonia de não mais respirar e no fim o mais puro silêncio seguido da luz que lhe tragava em meio às águas, tudo se embaraçava como um pesadelo da qual Pietro não conseguia acordar e assim eis que não mais que de repente dois homens, um negro e outro, branco, ambos vestidos de tons claros e pastéis se dirigiam até ele. Ao acordar com a presença destes dois homens ele se depara com a seguinte realidade; e acreditando estar em um hospital comum destes da cidade próxima ele logo pergunta ao rapaz negro se sua mulher Luna veio lhe visitar, ou trazer-lhe umas roupas, e quanto tempo ficaria no hospital, o rapaz negro então o olhou longamente, e o outro homem lhe respondeu : -Lamento nosso hospital não registrou ninguém com esse nome. Atônito Pietro olha ao redor, o local era diferente e tudo era absolutamente silencioso, várias macas com pessoas com todo o tipo de problema inacreditável e sem solução humanamente, desde queimaduras severas , passando por corpos com marcas de tiro e facadas, até uma senhora com um corte profundo na garganta que misteriosamente estava viva sendo cuidadosamente atendida no local, como se plenamente fosse sobreviver,tudo isso em meio há um local que remetia aos anos 50 mas com uma decoração um tanto quanto futurista, olhando e analisando o local, ele se queda em silêncio, quando o rapaz negro lhe dá a seguinte notícia: -Pietro, eu não sei como lhe explicar isso, mas a sua passagem para este mundo foi feita, e tudo que podemos lhe dizer é que não lhe resta muito a não ser o futuro, que a vosso pai pertence. Antes mesmo de que o rapaz negro terminasse Pietro olha assustado para tudo a sua volta, e a memória do acidente lhe vem como um grito alto de dor, desesperado ele grita: - Pelo Amor de Deus, eu tenho que sair daqui agora e ir para a minha casa, ver a minha filha! . Os dois rapazes tentam acalmá-lo e um deles, o rapaz branco olhando para ele diz: -Senhor você estar em um local de acolhimento, não é fácil, eu já passei por isso outras vezes, e posso te garantir que conosco nessa nova jornada sua vida é plena. Pietro então começa a gritar novamente: - Eu disse que eu quero ir embora, vocês não entenderam! . E então um senhor com ares de ser o mais velho, do local, se aproxima dele e dos rapazes na tentativa vã de consolar Pietro , que grita novamente : -É um pesadelo, cara eu preciso sair daqui, que loucura, não é real, não é real. Aflito ele tenta sair da maca, mas uma falta de ar súbita lhe corrói por dentro, e ele quase desmaia, e assim os três homens lhe seguram fortemente, evitando sua queda brusca e então ao se sentir melhor, mais calmo e seguro ele começa a reparar lentamente, que tudo naquele lugar lhe era diferente, as roupas das pessoas, e ao mesmo tempo uma estranha calma toma conta de si, e o homem mais velho olha em seus olhos e diz: -Você quer conversar, se sente pronto? Pietro responde que sim. Então o senhor olha para Pietro e lhe responde, calmamente: -Pietro, lamento, mas o acidente de carro que você e seu cunhado Déo sofreram,digo, ele sobreviveu ,por um milagre do Pai ele conseguiu escapar ,entretanto enquanto a ti meu amigo uma nova vida se inicia conosco. Sem acreditar Pietro chora e implora para que lhe retornem novamente para a terra: - Por favor, eu não posso ficar aqui, eu deixei tudo, eu preciso voltar. O senhor e os dois rapazes rezam a sua volta, e ele começa a se acalmar, e vai recordando, novamente, como em um filme de terror, que ficou preso no carro junto com o seu cunhado e no último instante para salvar Déo ele solta a mão deste, e enquanto o resto do carro ia ao fundo do mar com ele, sem conseguir sair, preso ao cinto. E ao mesmo tempo Pietro recorda da viagem na madrugada que fez com seu cunhado, e da ultrapassagem lançando o carro para fora da rodovia e este caindo rapidamente no mar. No fim, após muito se lamentar e chorar Pietro dorme tranquilamente sobre a maca do hospital Dom Aguirres, responsável por receber pessoas vindas após a morte em outros planos dimensionais. 

    Os homens se entreolham, e o mais novo, o rapaz branco diz: - será que ele aceitará essa nova vida? . O senhor mais velho, sabiamente responde: -Toda a vida nova é assim, um caminho longo de aprendizagem a seguir, como em um nascimento, quantas vidas e vidas forem determinadas pela própria mente para enfim a liberdade da alma seguir, além deste plano no encontro eterno com o senhor. 

                                                                 O DIA SEGUINTE


    Pietro acorda e se levanta da maca, e olha os outros pacientes, alguns choram, outros recebem auxílio dos médicos de branco ,com túnicas, pessoas de vários lugares que magicamente se compreendiam ,como se todos falassem o mesmo idioma. O rapaz negro se apresenta para ele, e diz: -Pietro, meu nome é André, digo André Davi, aquele lá (o rapaz branco) é o Jeremias, e quem te acolheu foi Miguel Luiz. Pietro responde: -Então eu morr... Antes mesmo que ele pudesse dizer a palavra morte, André Davi o interrompe: -Sim, você renasceu para outra vida, um pouco diferente daqui você levava, mas uma NOVA VIDA, cheia de amor e paz, visto que sua generosidade onde você estava lhe salvou, e como uma corrente de amor lhe trouxe até aqui. Então André Davi lhe apresenta Claudinho, rapaz jovem e risonho: -Pietro este é Claudinho, nosso membro há sete anos, ele e sua irmã Kahrolina ajudam os recém chegados nesta etapa nova, ele levará você para conhecer a nossa morada, o Lar Flores do Campo . Ainda angustiado Pietro pede para falar a sós com Miguel, e então entendendo o olhar triste dele André Davi chama Miguel, para conversar com Pietro. Miguel chega, calmamente e o indaga: -O que foi Pietro, você não gostou do Claudinho (e ri). Pietro meio que desconcertado responde: -Não, é que eu não compreendo como e porque eu tive que morrer?. Miguel olha seriamente para Pietro e diz: -Você não morreu, aliás, essa palavra não existe você renasceu para esta vida, onde tem uma missão, importante nesta nova terra, todos vão para outras terras, para encontrar o seu caminho, em várias dimensões. Pietro ainda muito angustiado com a sua nova condição indaga Miguel: -Como faço para ver Luna e Flor, minha filha só tem sete anos, eu não queria, eu não queria... Miguel olha para Pietro com pesar e lhe diz: -Meu filho, Pietro, todos ficarão bem, tudo vai sendo alentado como nos planos de DEUS. Pietro abraça forte Miguel, e este ainda lhe diz: -Vamos nos ver muito rapaz, coragem, Claudinho sabe-se lá o porquê tem uma agenda livre hoje, parece que o pai traçou muitos planos especiais para você aqui conosco. Então Pietro se despede de Miguel ,André Davi e Jeremias, e olha mais uma vez para o hospital de acolhimento Dom Aguirres, e vai com Claudinho para o Lar Flores do Campo. Ao sair do hospital, Pietro percebe uma cidade nunca vista, absurdamente linda, rodeada de muita vida, e cheia de flores das mais variadas cores, como as brancas gelo e vermelhas intensas . Claudinho então fala: -Sabe Pietro eu e a minha irmã Kahrolina trabalhamos com colheitas de flores, quer dizer ela trabalha com isso e com a adoção de novas famílias e crianças no local, eu construo casas para as novas famílias que se formam aqui nesta morada. Pietro se surpreende e responde Claudinho: - famílias? No céu tem isso? Claudinho segura o riso e responde Pietro: - Sim, tem porque afinal de contas Pietro o que é uma vida sem uma família, um lar, filhos. E aqui não é o céu, é outro planeta, uma nova dimensão, como o Nosso Lar, lugar bonito, você pode conhecer todas as dimensões, boas e caso queira trabalhar com resgate até ajudar nossos irmãos que se encontram em moradas infelizes, aprisionados por seus próprios erros. Pietro com um olhar distante e pensativo responde a Claudinho: -Desculpa é que tudo que eu queria era minha mulher, e minha filha, minha família de volta, junto a mim. Claudinho então diz: -quando eu viajei e vim para cá eu não me recordo muito, mas também não esqueço só que hoje todos os meus amores já estão comigo, meus tios, que foram meus pais, irmãos, todos nós já estamos juntos. Pietro então diz: -Não quero isso, não para elas eu as amo, não quero que elas morram. Claudinho então percebe que Pietro ainda está arraigado a outra vida da qual já não é mais possível voltar, não nesta existência, e assim ambos caminham pela cidade, agora em silêncio.

     Depois de se encantar com a cidade, com as pessoas, tão reais quanto no outro mundo, e de ver tudo tão lindo, e tão humano, Claudinho e Pietro chegam a uma casa, toda feita de rosas em volta, rosas brancas e algumas vermelhas, circulando como trepadeiras na casa de tom azul real. De dentro dela saí Kahrolina, cabelos castanhos, ondulados e longos, olhos cor de mel, e sorriso avassalador, Pietro fica atônito com a imagem dela, perturbado, sem entender como pode lhe passar algo tão forte e inexplicável. Claudinho grita para Kahrolina: -Kahrolina! Esse aqui é o Pietro, aquele irmão que Miguel disse que temos que receber em nossa casa, como nosso novo amigo distante. Kahrolina se aproxima e diz: -Olá Pietro, seja bem vindo a nossa casa, eu e Rebecca estamos fazendo um chá com biscoitos, e as crianças estão todas curiosas lhe esperando. Claudinho fala: -Pietro, esqueci-me de lhe falar sobre a minha mulher Rebecca, e as crianças, bom três são meus filhos: Aurora, Lucinho e Frederico, as outras duas são as pequenas Isadora e Theodora que Kahrolina acabou de adotar. Pietro então fica intrigado, mas decide entrar na casa que cheirava a rosas silvestres. 


                                                           A CASA O LAR 


é encantadoramente simples e bonito, três quartos, uma cozinha com mesa de jantar, onde uma moça ruiva e as cinco crianças se divertiam com uma massa. E nesse instante Pietro para e sente uma imensa saudade de sua família, e se recorda de Luna e Flor , mais precisamente o dia do seu aniversário na sua outra vida; o bolo mal feito de caixa feito pelas duas que ele teve que comer achando uma delícia pelo amor com que elas tinham feito, seu último aniversário naquela vida da qual acabara de deixar, e a sensação da presença daquele dia era tão forte que ele sentia até o cheiro do bolo, sabor chocolate, e o calor daquelas lembranças que ele ouvia as risadas delas, e ambas lhe abraçando, e desejando tudo aquilo que eles não teriam mais juntos, como mais vida ,e saúde naquela existência . Kahrolina se aproxima dele e o observa, e lentamente ao se aproximar diz: -Pietro você pode se sentar conosco ali, naquele canto a direita. Pietro se desfaz das lembranças ainda fortes dentro de si, e senta a mesa, com Rebecca mulher de Claudinho, as crianças, e Kahrolina. Então ele pergunta: -essas crianças, é você engravidou aqui? Rebecca? Karolina segura o riso. E Claudinho olha e responde, antes de Rebecca falar algo: -Pietro apenas Frederico é filho do ventre, Aurora e Lucinho são nossos filhos de toda uma eternidade, e nos reencontramos após muitos desencontros. Pietro assustado, com o que ele achava ser o céu responde outra vez: -Ela engravidou? É digo. Rebecca então ri e diz: -Pietro aqui é outra vida, de fato para uma vida simples, mas continuamos amando e apaixonando como em tantas outras moradas. Pietro então compreende que está de fato em outra vida, em uma continuidade de várias delas, com amores, paixões e todo o tipo de sentimento que havia na terra, com a condição de que as dimensões boas ou ruins eram construídas pelos sentimentos, e pensamentos que rodeiam as pessoas. Rebecca e Claudinho se distraem alimentando as crianças, enquanto Kahrolina ri gostosamente das perguntas e da curiosidade de Pietro. Após o lanche Rebecca vai estender as roupas e pede para Claudinho colher figos com a comunidade para fazer doces para amanhã. Kahrolina se aproxima e começa a explicar para Pietro: -Aqui é uma continuidade de vida, um sopro em outra dimensão, daqui alguns retornam para a terra, outros seguem em outros caminhos, alguns vão direto encontrar o nosso Pai, tem vários trabalhos, todos gratificantes, e que nos enobrecem enquanto seres de luz. Pietro diz: -É tudo tão diferente e próximo, eu agradeço ,quero dizer eu.. Kahrolina o interrompe e diz: -Não, Claudinho, eu e a Rebecca tomamos este trabalho como nosso, muitos hóspedes ficaram conosco, muitos seguiram os mais variados caminhos, a maioria nos visita. Sabe é tudo fruto da fé, e da esperança, dos laços que vão sendo construídos, ao longo dos caminhos do destino. Pietro olha Kahrolina e lhe pergunta: -E suas filhas? Kahrolina olha para Pietro, com um olhar iluminado e diz: -Eu as adotei nesta dimensão, mas já foram irmãs, Isadora minha avó, e Theodora eu acolhi enquanto ela ainda não conseguia compreender o que lhe ocorrerá e decidirá seu caminho assim que crescer, são minhas filhas por vários laços construídos nas mais diversas dimensões. Pietro, olha para Kahrolina intensamente, o sol bate em seus cabelos longos e castanhos, e meio sem graça com o olhar dele ela fala : -Bom então acho que precisamos voltar para a sala, afinal amanhã você escolherá qual trabalho quer empreender aqui, olha são tantas coisas você vai ver, irá se apaixonar por todas elas. Pietro ri, e diz: -Certamente eu irei me apaixonar aqui, Flores Do Campo tem coisas apaixonantes. Kahrolina então termina de dizer: -Então vamos? Pietro diz: -Sim. E eles caminham juntos do jardim para a casa. 

    O Dia Seguinte O café é posto cedo a mesa, Pietro levanta da cama improvisada na sala,enquanto Claudinho lhe pergunta: -Então gostou da nossa morada? -Sim, claro é tudo muito bonito por aqui, eu nem sei como agradecer. Responde Pietro encantado com o carinho dos irmãos Rivera . Rebecca chama as crianças e Kahrolina para o café. Todos se sentam a mesa, e Pietro não sabe como desviar o olhar de Kahrolina, ele não consegue entender o que sente, porque tudo lhe é estranho, como se já estivesse com essa família há muitos anos. Claudinho e Kahrolina terminam o café vão para fora da casa chamando Pietro. Ele não termina muito seu café, mas os segue, antes pergunta se as crianças vão à escola, e Rebecca lhe explica que elas vão, mas para uma aprendizagem com outras crianças sobre as colheitas, as músicas as expressões do local, o que não é bem uma escola como ele conhecia na outra dimensão, Pietro fica sem entender, mas acena como se tivesse compreendido e parte com Kahrolina e Claudinho para a colheita de rosas. 


                                                               COLHENDO ROSAS 


       Não somos mais Que uma gota de luz Uma estrela que cai Uma fagulha tão só Na idade do céu                                                                     (Idade do Céu , Moska ) 


    Os três chegam à colheita de rosas, de imediato Pietro se sente como se pela primeira vez o destino lhe levará a imensidão que tanto desejava, as rosas falavam ,era um mar sem fim de rosas, vermelhas, brancas, rosas, pêssego, todas selvagens num grande oceano de rosas, Claudinho logo entendeu que ali seria a vida de Pietro, que logo aprendeu ao longo dos dias o ofício de cuidar das rosas, com materiais inexplicáveis na terra, que só existiriam naquele lar, o lar Flores do Campo. E naquela nova morada, junto a Kahrolina passaram-se vários dias, todos felizes, faziam piqueniques nos horários de descanso, colhiam as rosas para doarem juntamente com mudas pela cidade, e visitavam outros lares para entregar encomendas de rosas, juntos seguindo por uma carroça branca que seguia por estradas que pareciam ter saído de um filme surreal na terra de tão linda, toda com trilha de cachoeiras divinas, e de noite em meio às viagens uma lua gigante do tamanho de saturno iluminava toda aquela dimensão em um espetáculo único. Na primeira vez que viu a lua enorme e brilhante, Pietro a contemplou por horas, e Kahrolina o observava fascinado com aquele homem que em pouco tempo era um completo desconhecido vindo de outro mundo, e que agora era seu companheiro de viagens, seu confidente, seu amigo, sempre presente. Pietro e Kahrolina ficavam horas e horas na colheita, a vida deles vai seguindo, e aos poucos ele começa a cuidar das meninas Theodora e Isadora, junto com Kahrolina, ambos começam a estarem sempre juntos, em todas as tarefas do dia a dia, em uma construção de laços de amor. Com o tempo a saudade de sua mulher Luna e de sua filha, Flor, na terra o acompanhava em silêncio, enquanto sua nova vida ia se entrelaçando a vida dos Rivera, Claudinho e Kahrolina, os irmãos Rivera. Responsáveis juntamente com um grupo de outras famílias, para receber as pessoas que vinham de outras vidas para serem acolhidas no Lar Flores do Campo. Pietro e Kahrolina resolvem levar as pequenas Theodora e Isadora para uma tarde no roseiral, Claudinho não concorda porque queria levar as crianças para sertro, uma dimensão próxima ao lar flores do campo, mas Rebecca percebe que Kahrolina e Pietro estão lentamente se enamorando um do outro e, não conta para ninguém, mas faz com que o marido aceite que eles vão juntos, e promete para Claudinho que eles dois com seus filhos vão para Sertro e, as meninas vão em uma próxima vez, e alegando que as crianças estão crescendo e precisam cuidar do roseiral que um dia serão delas também Rebecca consegue convencer Claudinho. No roseiral Pietro ensina as crianças a adubar a terra, a ver que a seiva é a vida das plantas, elas logo aprendem tudo, atentas vão com as mãozinhas colhendo com cuidado as rosas que querem levar para enfeitar o quarto delas. Isadora então, muito feliz por ver Pietro e Kahrolina juntos diz: - Pietro você veio para ser nosso pai? Kahrolina fica constrangida e repreende a menina mais nova, mas Pietro olha para as duas crianças e fala: -Sim, porque não, vamos ver, se você gostar de me ter como seu pai, vou amar sim. A menina olha longamente para ele e fala: -Tudo bem vou deixar você em prova, até você passar por várias etapas, aí junto com a Theodora vamos decidir isso. Pietro e Kahrolina começam a rir, e enquanto as meninas vão brincando no roseiral, Pietro logo se recorda de Flor, e do seu primeiro dia de aula, da hora dela de dormir, e se depara com a saudade mais uma vez a tomar conta de sí. Kahrolina olha para e ele e o abraça, e assim eles ficam juntos sobre o entardecer olhando as pequenas brincarem no roseiral. Duas vidas uma só existência Pietro começa a caminhar pela cidade e reencontra parentes da terra, como seu tio Carlitos, eles se abraçam e Pietro promete visitá-lo e fica feliz ao saber que seu tio naquela outra vida está radiante porque acabara de ser pai com sua mulher Paula, que ele conhecerá no Nosso Lar, após o encontro Pietro começa a reparar que muitos seres se relacionam, de todos os gêneros, e que a vida pulsa como pulsava na terra. Andando com Claudinho, Pietro observa locais em que pessoas seguem ,como em uma espécie de centro de chegadas e partidas, então ele se aproxima e vê uma família se despedido de um ente querido, ele nota a tristeza e resignação dessa família ,enquanto o homem caminha junto de Miguel, seu primeiro mentor rumo há um portal. Claudinho vê Pietro se questionando mentalmente e lhe explica que ali é o local onde os seres se despendem para reencarnarem para outras dimensões, fazer trabalhos de muita importância para todos, como o auxílio de outros irmãos e reencarnarem na terra. Pietro começa a chorar, e diz a Claudinho que só quando está em meio às rosas consegue esquecer a sua outra vida, e que vive todos os dias com a vontade de rever todos aqueles que o amavam e que deixou em sua outra existência. Claudinho olha com ternura para Pietro. Afinal ele ainda não entendia o quanto era um presente essa nova vida que ele acabara de ganhar. Durante muito tempo Pietro iria viver em conflito entre duas vidas, a que deixou e a que tem, entre duas existências, a vida construída deixada de lado e a que tem inteira para construir, entre dois amores, o que deixou na terra, e o que vem nascendo no Lar Flores do Campo. 


                                                               OS LAÇOS 


de amor Com a família Rivera os dias passam rapidamente, mas a dor ainda acompanha Pietro, e lentamente novos laços vão tomando conta de si. Pietro e Kahrolina seguem juntos para o roseiral que enfeita toda a morada do lar, e da cidade, posto que Claudinho agora se dedicava a construção de casas, ao aconchego e acomodação de outros irmãos que chegavam , e Rebecca levava as crianças para os centros de aprendizagem ao ar livre das crianças e jovenzinhos. O Roseiral é um mar branco e vermelho intenso, em meio a feixes de luz, Pietro olha com ar de alívio, ali inexplicavelmente era a pura paixão, ele e Kahrolina começam a trabalhar nas rosas, arar a terra, colher rosa, plantar sementes novas, e assim começam a silenciosamente se olharem, entre as rosas, durante longas horas, e isso se repete por vários dias. À noite Claudinho e Rebecca pedem para Isaurinha, uma senhorinha antiga do lar para cuidar das crianças em sua casa porque eles queriam sair para ver a noite da morada, junto de Kahrolina e Pietro. Kahrolina chega à sala e diz: -Pietro, você sabe dançar? -Não, ouvia (nesse instante ele se esquece do som que ouvia). -Rock? É rock o nome que davam. (Responde com um sorriso lindo Kahrolina) -sim, era esse mesmo. -Bom então acho que você não se incomodaria em ouvir a cantora da morada, ela canta todo o tipo de música, viveu tanto, e em tantas moradas sempre traz tudo que se ouve, até os cânticos dos anjos ela canta. Todos saem e Rebeca dá um abraço em seus filhos e Karolina da um beijinho nas meninas, e assim Claudinho e, Pietro, Rebecca e Karolina vão para a noite, toda iluminada pelas estrelas, e a lua gigante de Óreon, muito maior que a da terra, que tinha um brilho intenso. Na morada muitos casais andavam,havia muita movimentação, e muitos conhecidos da terra, circulavam, até que Claudinho diz: -Eu hoje queria ir para os anos 50 na terra, as músicas de lá, já ouvi das casas das moradas Sara, e Solaris, mas eu não esqueço aquelas músicas, não importa quantas moradas eu viva. Rebeca: -Eu não vivi isso, mas de tanto que já fomos ouvir isso já acho que estive lá. Então todos seguem para a casa bela do outro lado da cidade, rodeada de pessoas. Pietro mais uma vez pensa, como pode essas pessoas viverem de forma tão parecida a terra?, tudo aquilo era surpreendente, mas real, a sensação dessa realidade era o concreto. Juntos entram em uma casa de shows, na verdade uma mágica casa toda iluminada pelo brilho da gigantesca lua coberta por anéis, que lembravam os de saturno. Dentro da casa muitas pessoas dançavam ao som de um ritmo de música, estilo bolero, entoado por uma cantora jovem de pouco mais de vinte anos, todos a chamavam de Dora Luz, ela chegou até a morada depois de muitas dimensões, e amava essa morada e cantar, devido ao brilho intenso da lua a noite que rodeava essa dimensão era divinal. Rebecca e Claudinho dizem que vão dançar, e então Claudinho olha para Kahrolina e diz: -Kahrolina chame o pé de valsa aí para dançar. Kahrolina fica tímida e desconversa, mas Rebecca faz questão de insistir: -Ora kahrol, dá pra ver nos olhos do Pietro que ele não conhece esse tipo de som, não deve ser de sua outra dimensão, não do tempo dele, mas dancem. Pietro então toma a iniciativa e chama Kahrolina: -Bom, de fato não era da minha época essa música, na terra me lembra dos anos 50, mas vamos lá. Pietro estende a mão para Kahrolina, que aceita e os dois seguem e dançam juntos, Rebecca e Claudinho também vão logo dançar e dão risadinhas e olhadas para Pietro e Kahrolina juntos. De repente Dora Luz começa a cantar uma música da terra, em lembrança de seus tempos e dedica a todas as paixões dessa e de outras vidas que todos ali deixaram e que não conseguem esquecer. Pietro e Kahrolina não prestam a atenção na mensagem e começam a dançar como se estivessem em um reencontro, que demorou muito tempo para reviverem. 


    "Ne me quitte pas Il faut oublier Tout peut s'oublier Qui s'enfuit déjà Oublier le temps Des malentendus Et le temps perdu A savoir comment Oublier ces heures Qui tuaient parfois A coups de pourquoi Le coeur du bonheure Ne me quitte pas Ne me quitte pas Ne me quitte pas"

( Edith Piaf Ne Me Quitte Pas ) 


    A eternidade era o caminho, quando dançavam e se entreolharam Pietro e Kahrolina não sabiam o que sentiam, mas já estava alí, um amor construído em meio à partida de outras vidas que ambos deixaram para trás, eles logo se abraçam e fecham os olhos, a dança lenta os acompanha pela voz intensa de Dora Luz, o que de fato eles haviam vivido e já não se recordavam mais, a música lhes dizia muito mais do que eles poderiam imaginar. E assim que Dora Luz canta outra música, de som mais leve e animado e nesse instante Pietro se solta de Kahrolina, como um momento que ruiu e começa a se recordar de Luna, e de seu casamento, então deixa Kahrolina só e vai para fora da casa de músicas, Kahrolina fica só na pista vagando em suas próprias lembranças, mas em silêncio, olhando Pietro sair. 


                                                                   A  SUA FLOR 


No dia em que eu me tornei invisível 

Passei um café preto ao teu lado 

Fumei desajustado um cigarro 

Vesti a sua camiseta ao contrário 

Aguei as plantas que ali secavam 

Por isso um cheiro impregnava 

O seu juízo, o meu juízo Invisível e o mundo ao meu favor 

Para me despir e ser quem eu sou Logo que o perfume do invisível te inebriou 

Você meu viu e o mundo também 

E o que tava quietinho ali se mostrou, meu bem 

(Céu –Perfume do Invisível ) 


    Luna tentava continuar em meio ao caos e tudo que vivera ao lado de Pietro, vasculhava as roupas, a procura do cheiro dele, rodeava os lugares a procura dos rastros do seu grande amor, na vasta imensidão, a morte é insuportável para quem ama porque a pessoa amada ao desaparecer é como se você tivesse se tornado invisível para ela, nem gritos, choros, e-mails, vídeos nada atingia Pietro nenhum sinal mais lhe alcançara... No enterro Luna via Pietro tão vivo ali naquele caixão, como se tivesse dormindo profundamente, tudo que ela queria crer era em uma reviravolta do destino um minuto talvez, e que tudo aquilo fosse um pesadelo, um filme de terror, uma piada de muito mau gosto. Luna e Pietro se conheceram no último ano da universidade, ela fazia Medicina veterinária e ele Biologia, o amor de ambos era algo de outras vidas, repetiam os dois juntos quando perguntavam por que duas pessoas tão diferentes se quedaram completamente enamoradas, em tudo eles passaram a combinar, e assim um não viviam um sem o outro, do romance, do beijo quente, passando pela cama até o altar durou exatos seis meses, mais precisamente em um casamento a beira mar em uma cerimônia simples, mas inebriada de amor, ela usava um vestido de renda de crochê e uma coroa de flores brancas ornando os cabelos curtos e crespos sobre a pele negra perfeita, e Pietro vestia uma roupa branca estilo havaiano, o azul dos seus olhos se confundiam com o azul da cor do mar, a pele branca dele combinava com o branco da areia da linda praia em Fernando de Noronha, os convidados todos vestidos no estilo havaiano, era tudo perfeito demais para ser apenas uma lembrança que agora mais se parecia com um soco, seco, no estomago de Luna, agarrada a filha Flor olhando o caixão com o corpo de Pietro, todos aqueles momentos tinham se transformado em uma dor forte demais para um dia terem recebido o nome de felicidade. E enquanto se debruça na dor daquele corpo chega Luigi o irmão de Pietro, ambos não se falavam hazia muitos anos, desde outra tragédia que os abatera, ao ver o irmão sem vida, tudo que ele pensava era o quanto tinha chegado tarde, tarde demais para um pedido de desculpa , para pedir perdão, ao se aproximar de Luna tudo ao redor ganhou um tom cinza , que logo se dispersou com o prosseguimento do fúnebre cortejo. O certo é que mesmo diante de toda a sua dor com a perda de seu irmão, Luiggi por sua vez carregava muita mágoa do irmão que não se conformou com a sua partida logo após a morte do pai de ambos, para seguir com seu mestrado no exterior. Luigi partiu rumo ao seu sonho, apenas um dia depois do funeral do seu pai, fato que fez com que ele e Pietro nunca mais se falassem, nem por nenhum e-mail, nada, nenhuma palavra, até o reencontro dele vivo e de seu irmão morto. Ao se aproximar de Luna, Luiggi olha para ela e diz: -eu queria abraçar a flor, ela é tudo que restou dele, entende? Luna então, se emociona e diz: -claro, eu sei Luiggi que apesar de tudo, vocês dois se amavam muito, eu sei.. Então Luna fala para Flor abraçar o seu tio, é a primeira vez que a menina via Luiggi, e muito emocionada, a menina sem questionar abraça o tio, e assim naquele cemitério, era sepultado não só o corpo de Pietro, mas toda uma família desfeita no fundo do mar. Luna viveu intensamente ao lado de Pietro ,aqueles oito anos valeriam por toda uma eternidade. 


                                                               O DESCONHECIDO 


Além das nuvens, eu parto em viagem 

Minha alma ao vento, coração de elefante 

Eu saí daqui para conhecer a vida 

Estar vivo enormemente 

Além das nuvens, eu parto em viagem 

Minha alma ao vento, coração de elefante 

Eu saí daqui para encontrar a vida 

E vivê-la 

(O Coração do Elefante- Fréro Delavega - Le coeur éléphant ) 


    Dentro do carro estavam Pietro e o seu cunhado Déo, ambos voltavam após Pietro ter ganhado o auge da fama, o prêmio de empresário do ano, era o homem mais seguido em redes sociais do país, e um dos dez maiores influenciadores digitais do mundo,ele estampará todas as capas daquela semana, estava em evidência, já era considerado uma das maiores personalidades do país, sua empresa ia alçar voos maiores, ele tinha acabado de dar uma entrevista para um programa de televisão, tudo que nele existia era a sua imensa vontade de permanecer inalcançável onde estava, no auge. Dentro daquele carro em poucas horas todo o seu auge não iria lhe poupar da sua dolorosa partida, rumo a sua nova vida,família, amor e existência, tudo seria deixado para trás. Pietro e Déo estavam cansados, eles voltavam para a região serrana no Rio de Janeiro onde eles moravam, e Déo, seu cunhado, de 18 anos, lhe acompanhará porque Luna ficará com a pequena filha deles que estava com uma misteriosa febre alta, e luna não queria deixar a menina sozinha com a babá, então não queria que Pietro se sentisse sozinho no dia de sua premiação como empresário do ano, e também como a empresa do ano, e pediu ao seu irmão para acompanhar o marido. As luzes da festa eram intensas,flashes e mais flashes acompanhavam Pietro que era nesse momento a figura mais extraordinária e invejada do país, as redes sociais ele e sua beleza eram o comentário ,tudo em sua vida tinha intensidade em apenas três anos sua sorveteria modesta e pequena herdada de seu pai se tornaria a maior empresa de sorvetes, uma empresa forte que englobava muitos produtos variados, era a mais forte do continente americano, dinheiro e mais dinheiro mas também noites sem dormir ,e muito pouco tempo com Luna e sua filha Flor, mesmo assim os momentos que passavam juntos eram de maior felicidade. Não foi fácil ver o seu irmão, Luigi, lhe virar as costas por seu sonho e deixá-lo tocar sozinho a sorveteria de quatro gerações de uma família, tudo superado, alí no instante que seu nome é clamado entre aplausos e gritos, e flashes como o maior empresário brasileiro, Déo sorria e gritava por seu cunhado com admiração de quem tinha muito a aprender. Ao receber o prêmio o dedicou a todos de sua empresa, seus funcionários,e pediu desculpas cínicas aos demais empresários com quem concorria, depois dedicou a sua família: seu cunhado Déo, sua filha e sua esposa, a mulher de sua vida Luna, emocionado dedicou também ao seu pai que morreu vítima de um Acidente Vascular Cerebral três anos antes, subitamente ,lhe deixando como herança o que até então era um prejuízo enorme. Diante das recordações com o prêmio em mãos ele escondia a dor por seu único irmão não está alí ao seu lado para juntos terem recebido todos aqueles prêmios. Logo após havia uma festa com todo o empresariado brasileiro, e cansado Déo foi para o hotel porque achava toda aquela papagaiada algo muito chato,coisa de adolescente,se fosse uma festa com pessoas de sua idade e música que ele gostasse ficaria até o amanhecer. Pietro chega a festa e logo a atriz Maura Lenner ,aproxima dele, era simplesmente a atriz mais bonita do país naquele momento e também no auge, os dois se conheciam , mais ele nunca pensou que aquela mulher iria se aproximar dele, ele não se preocupa com suas investidas e vai para fora da casa noturna , e quando olha as estrelas noturnas e soturnas que lhe acompanhavam, Maura Lenner lhe beijara , e ele a afasta dela e diz que era casado mas não era só isso amava Luna sua mulher, ele sai de perto dela, ainda sorrindo, confiante no amor que lhe manteve até mesmo vivo em sua vida na terra. Por volta das 4:30 da madrugada Pietro inquieto acorda Déo e diz que quer partir daquele instante para ver Luna e saber como está sua filha, e que não pretendia ligar ou entrar em contato por nenhuma rede social, Déo acorda meio sonolento mas faz o que seu cunhado irmão lhe pede, e juntos saem de madrugada para uma viagem que mudaria o destino de ambos. Pietro corre com o carro e Déo não consegue dormir e chega a pedir para o cunhado reduzir a velocidade, este atende, mas logo retorna ao limite da velocidade, a ansiedade de ver sua mulher e filha era tanta que ele chega a sentir que talvez fosse sua despedida de ambas, dentro de si ele só consegue se questionar a si mesmo e ao tempo: me deixe ficar? , eu preciso, elas precisam de mim. O carro segue em uma rodovia que se cruza no alto de uma montanha e abaixo o mar,lá do alto Déo olha pela janela as pedras e o mar, este mar e as pedras se contorcem em um frio intenso , e soturno, os olhos de Pietro são firmes e obsessivos possuídos por uma misteriosa dor em sua alma, como se soubesse que a vida iria lhe deixar e que precisava correr para que a morte não lhe alcançasse, ele já travava uma luta com seu espírito e inconsciente, Déo apreensivo pede para que ele não ultrapasse o caminhão a frente, já foram km e km , estava em outra rodovia na montanha com o mar abaixo. Então ao tentar ultrapassar outro caminhão se vê diante de um outro carro a sua frente, sem ter como controlar ,Déo põem as mãos em seu rosto , Pietro joga o carro para o lado do cercado que separa a rodovia da queda em pleno rochedo e mar ,é alí que o carro e o destino de Pietro e Déo serão lançados . 

    O Carro cai no Mar o impacto é forte,ambos dentro do carro sentem a força da impossibilidade humana diante do caos, na rodovia ,caminhões param , o carro que escapará também para, todos se desesperam e ligam para a Polícia Rodoviária Federal. Pietro com a pressão abre a porta do carro caindo, água ao redor, água cobrindo tudo, neste instante ele solta Déo mas esse lhe segura pelas mãos para que ele saia totalmente do carro, só que um dos pés de Pietro estão presos ao cinto , em desespero e temendo por Déo, Pietro olha dentro dos olhos de Déo, esse entende e clama e sacode o corpo todo para puxar Pietro, mas antes que ele pudesse ir ao fundo com ele, este em um impulso forte solta as mãos de Déo e se lança ao fundo do mar com o carro, Déo é arremessado com a pressão para cima, e então desesperado e cheio de dor nada para cima, e chega até o ar onde é resgatado pela equipe de resgate que chegará de pronto ao local junto com a PRF. A ambulância ,o calor, o sabor de ferro misturado com sangue na boca, e mesmo assim Déo grita por Pietro, a essa altura em um congestionamento de 7:30 da manhã em uma rodovia onde curiosos começam a reconhecer Déo e descobrir que se trata de um acidente fatal para Pietro Dellanore. As buscas se concentram, a todo instante na televisão, nas redes sociais, nos sites do Brasil e do Mundo era dada a notícia pela busca do corpo do mais jovem e maior empresário brasileiro Pietro Dellanore.

     O smartphone de Luna toca, mas ela agarrada a filha não atende, e o desliga, acorda e sente um arrepio e olha a janela de sua casa um frio intenso entra pelo quarto, quando o telefone da casa toca e Sandra a empregada do casal vai atender e, quando Luna fecha a janela e olha para filha dormindo o grito de Sandra é ouvido, imediatamente Luna desce as escadas quando Sandra lhe dá a notícia de que Déo e Pietro se envolveram em um grave acidente de carro, Luna liga o seu celular e se depara com milhões de mensagens em suas redes sociais de comoção, de pêsames, de superação, então ela corre liga a TV e todos os canais ao vivo com o acidente, e a confirmação de que as buscas se concentram em achar o corpo de Pietro, desesperada ela corre e pega a chave do carro, nesse instante sua mãe Débora aparece e lhe dá um abraço, e ela grita de dor, Débora pede a Sandra que fique com Flor e que não a deixe ver o celular ou TV, muito menos ir para fora da casa já rodeada por jornalistas locais, afoitos pela notícia de uma dor. Débora dirige e Luna lhe pergunta como ela havia descoberto o acidente, ela explica que foi ligada de madrugada e partiu com Jerônimo, marido e padrasto de Luna, e assim elas vão para o hospital e que Déo está vivo, Luna chora, mas de felicidade pelo irmão, mas não consegue esconder a dor e diz que tem esperanças de que Pietro esteja vivo. 

    Ambas seguem para o hospital, chegando lá Jerônimo, o padrasto deles, abraça as duas e diz que Déo está bem, nesse instante a equipe médica que chegara ao local aparece e diz para Luna, Débora e Jerônimo que o corpo de Pietro fora encontrado preso ao cinto do carro em uma profundidade absurda, mas que as equipes conseguiram resgatar o corpo. Luna grita que é mentira cai de joelhos no chão e diz; - Meu Deus do céu é mentira, gente mentirosa, mentira!! Débora e Jerônimo lhe abraçam fortemente. 


                                                               CASTELO DE AREIA 


Eu sou nuvem passageira 

Que com o vento se vai 

Eu sou como um cristal bonito 

Que se quebra quando cai 

Não adianta escrever meu nome numa pedra 

Pois esta pedra em pó vai se transformar 

Você não vê que a vida corre contra o tempo 

Sou um castelo de areia na beira do mar 

(Nuvem Passageira de Hermes de Aquino ) 


    O Mar estava azul da cor do céu, a areia branca como um copo de leite dava o tom de um cenário quase irreal, de um sonho, e nele estão Pietro, Luna e flor ,os três felizes curtiam, aquela tarde da praia que estava deserta , e misteriosamente solitária. Luna e Pietro rodopiavam com Flor. E ao fundo o barulho do mar e do tempo contemplava aquele momento de alegria, risos, e brincadeiras, um castelo foi construído pelos três, frases soltas de eu amo vocês papai e mamãe era escrito por flor em coraçõezinhos na areia, admirados os dois viam a menina se encantar pelas palavras sobre o entardecer, o piquenique que tinha no menu: sanduíches caseiros e suco de laranja, tudo trazido para a beira mar, e ao longe o sol ia dando o seu longo adeus. Nesse presente da natureza que será lembrado por Pietro com muita saudade já em sua nova vida, Luna diz e pergunta para Pietro: -o que você quer guardar dessa vida meu amor? Pensativo e como um prenúncio do destino Pietro responde: -Esse momento, você, a flor, e eu aqui para sempre, é o momento mais feliz de toda a minha vida, e eu quero que ele seja sempre lembrado em todos os meus dias, e para onde eu for. Luna responde: -Claro né com o tanto que você viaja, temos que guardar mesmo, porque esses momentos são raros. Pietro diz, com um tom de brincadeira: -A é. E ri com o canto da boca, e beija Luna, enquanto Flor continua a pular e correr sobre a areia branca da praia. Com o pôr do Sol, Luna chama flor: -vamos minha bonequinha, temos que ir, amanhã é dia de ir para a escola. Flor responde: -ah mãe me deixa ficar mais pouquinho. Luna olha para a menina e diz: -Não, seu pai já está arrumando as coisas, filha vamos, a praia está deserta é perigoso para nós. A menina reticente obedece à mãe, e antes olha o mar, e vai, e dá um abraço forte no pai. Os três seguem no carro, de volta para casa, pela longa estrada. Ao fundo o castelo construído pela família e deixado para trás é desfeito por uma onda silenciosa e forte, que o derruba. 


                                                           DE ONDE EU TE VEJO 


Pouco antes de nosso amor se perder você disse 

Sou tão constante quanto uma estrela do norte 

E eu disse: Constantemente na escuridão Onde fica isso? Se você me quiser, estarei no bar 

( A Case Of You – Joni Mitchel )


     A empresa e sorveteria Dellanore ia de mal a pior , naqueles tempos difíceis seu Raúl Dellanore vinha andando muito nervoso diante da demissão forçada que tinha de fazer de seus funcionários e além disso dos encargos e multas trabalhistas ,justas, mas que a empresa não vinha conseguindo honrar juntamente com as demais dívidas fiscais e tributárias que a sorveteria vinha acumulando juntamente com os demais prejuízos. Luiggi e Pietro sabiam destas dificuldades, e ajudaram o pai na venda de inúmeras propriedades, inclusive de imóveis que eles tinham no exterior, como um chalé no Uruguai, e um apartamento que a família tinha em Nova York. Mesmo diante desse quadro seu Raúl Dellanore não queria que seus filhos assumissem a empresa, pois queria ver ambos felizes e sabia que os rapazes tinham vocações distintas aos caminhos da sorveteria. Pietro após se formar em biologia e já casado com Luna decide abandonar a sua licenciatura, ele até lecionava, mas não queria mais deixar seu pai só com a empresa, queria ver ele feliz novamente, e ele determinado põem em sua mente que irá reerguer a sorveteria Dellanore, mas Luiggi não sentia nenhuma vontade em permanecer alí naquele ramo, ou no convívio da família, ele queria muito estudar fora e sonhava em se dedicar aos seus estudos na cidade de Quebec, no Canadá. Em uma manhã de inverno, seu Raúl Dellanore sente fortes dores na cabeça e no peito e tenta fazer uma ligação pedindo ajuda, sem sucesso cai e desmaia no chão. Ao chegar à sorveteria da família, Pietro encontra o pai sem vida no chão, e se desespera, abraça o corpo de seu pai e promete que irá reerguer a empresa da família e fazer dela a maior do país. Ao receber a notícia da perda do seu pai, Luiggi não consegue chorar, fica pensativo e depressivo, e inerte olhando da janela do seu quarto olha a chuva que começa a cair, e chorar junto com a sua alma do lado de fora. No sepultamento de Raúl Dellanore, Luiggi e Pietro se encontram pela última vez, e neste momento Luiggi diz: - Pietro eu estou de viagem marcada para hoje à noite. Pietro sem acreditar no egoísmo de Luiggi o enfrenta: -Você é um covarde, não comigo, mas com a memória do nosso pai, da nossa família. Luiggi olha longamente Pietro e fala: - Eu tenho que ir, eu preciso partir, não quero morrer assim, sem vida alguma, presa há uma empresa que não tem nenhum significado na minha vida. Pietro olha o irmão com desprezo, tira forças do seu interior e fala: - Acho que você não tem mais nada para fazer aqui, eu gostaria sinceramente que você quando sair por aquele portal, desse cemitério, nunca mais me dirigisse à palavra, e, por favor, evite aparecer por qualquer forma na minha vida, porque você não significa nada. Luiggi diz: -Faça como você quiser, eu preciso seguir com a minha vida, com os meus sonhos, e não é você com toda a sua soberba que irá desconstruir o que eu tracei para o meu destino. E assim Luiggi em silêncio, vira as costas para Pietro, e vai embora rumo ao voo para o Canadá. E deixa para trás Pietro sozinho, com uma empresa para administrar e a uma vida dura, inteira para construir. Quando voltaria a ver seu irmão novamente, Luiggi o veria no mesmo cemitério dentro de um caixão fechado, frio e seco, assim como havia deixado seu pai , sem ao menos esperar que o mesmo fosse enterrado, e teria que enfrentar a dureza dessas palavras ditas por ele, porque a vida cobraria caro a atitude egoísta de Luiggi, e a empresa voltaria para a sua vida, e uma família para ele cuidar, e ele lá na frente pediria o perdão de seu pai e de seu irmão pela falta de amor e compaixão com aqueles que o amavam. Ao fundo no velório do lado do caixão, o cerimonialista havia deixado uma foto da família sobre o mezanino que recebia os convidados e nela estava uma foto de Raúl, Pietro, e Luiggi, os três felizes em um parque, juntos e abraçados, com os dizeres: Amamos você papai Orlando, Disney World, dezembro de 1993. No Lar Flores do Campo, Pietro olha para a imensidão do jardim de rosas, e em silêncio se queda, e chora, às lágrimas que caem com intensidade sobre o seu rosto, e Claudinho o observa e se aproxima, e logo pergunta: -Pietro, onde você está que está lhe causando tanta dor. Ele responde: -Eu fui até a minha outra vida, e lembrei-me do meu irmão, da última vez que eu o vi, é uma dor tão forte que eu sinto, é como se ela fosse me acompanhar por toda a eternidade, é tão forte que está aqui dentro do meu peito. Claudinho , se emociona com as palavras de Pietro e o abraça, dizendo: -Seja forte meu amigo, você precisa perdoar seu irmão para seguir, nessa vida só se vive através do amor que sentimos uns pelos outros, daqui e de outras moradas. Luiggi está na sala da empresa, e volta da recordação para a mesa vazia de Pietro que fora do seu pai, a secretária da sorveteria chega e pergunta: -Senhor Luiggi, é do seu escritório, via Skype perguntando se o senhor vai fazer a reunião por videoconferência, hoje, com os acionistas da Grécia. Luiggi, com os olhos cheio de lágrimas olha para, Selma a secretária e diz: -Diga, para eles que eu vou ao escritório para fechá-lo, porque eu tenho uma empresa para cuidar, eu devo isso para eles, sabe, diz ele apontando para a cadeira dos Dellanore, Raul e Pietro. Selma acena com a cabeça, e passa o recado com os dizeres de Luiggi Dellanore. Você Tudo isto parece estranho e irreal E eu não vou desperdiçar um minuto sem você Meus ossos doem, minha pele sente frio E eu estou ficando tão cansado e tão velho A raiva me corrói por dentro E eu não vou sentir esses pedaços e cortes Eu quero tanto abrir seus olhos Por que eu preciso que você olhe dentro dos meus ( Open Yours Eyes –Snow Petro) Kahrolina está pensativa na janela , olhando para as crianças brincando , e rebecca a observa enquanto cozinha e comenta : -É Kahrolina eles estão crescendo depressa, aqui como em qualquer outro lugar a vida sempre pulsa, e pulsa forte, como o sangue que segue o seu curso ao pulsar pelas veias do corpo. Então Kahrolina ainda olhando fixamente da janela concorda com Rebecca e diz : -Sim, parece que foi ontem que eu recebi Theodora toda assustada com a sua dura passagem para esse mundo, essa vida. Rebecca então se aproxima da janela e olha para a cunhada, que está com o olhar distante e perdido, e então fala: -Verdade, ontem. -Sabe Kahrolina , uma moça como você que passou por estágios diferentes de vida, inclusive lá na terra , de onde veio o Pietro deveria olhar, ver, sentir mais ao seu redor.. Kahrolina ,olha para Rebecca e diz: -Onde você quer chegar com esse assunto, que você sabe de uma vez por todas que eu não gosto de falar nisso, porque me faz mal, me faz recordar o que eu vivia nas moradas inferiores. -Porque se há algo nessa vida que eu não entendo é isso . Rebecca se prostra em frente e Kahrolina e olhando nos olhos dela diz: -Quando você vai contar para ele , ele não se recorda de você , ele não lembra mas dentro dele , ele sabe, o jeito como vocês agem e se olham quando estão juntos. Kahrolina se afasta da janela vira as costas para a Rebecca e responde: -Rebecca ele é completamente apaixonado pela mulher que ele deixou em sua outra vida, entende, naquela vida que ele acabou de deixar. Rebecca pega no braço de Kahrolina a puxa e fala: -Ele morreu nessa vida que ele tinha e se foi e não tem mais nada para ele lá, e ele veio aqui atrás do amor que o segue por toda a vida, você sabe quem ele é, a decisão de não retornar para vocês viverem isso foi sua, e lá ele encontrou essa mulher,que tanto os atormentou alí, e viveu algo forte, intenso, mas a alma dele, que é o que de fato ele é veio atrás de você. Kahrolina chora senta a mesa e fala: -Por Favor, Rebecca, se ele não se recorda é porque o sentimento que o uniu é mais forte do que o que ele viveu um dia ao meu lado, e o sentimento dele por ela está vivo, e depois de tudo que eu passei nas moradas inferiores, fez com que eu não quisesse mais retornar, e em silêncio eu quero ficar. Rebecca então ao ver o sofrimento e angústia de Kahrolina promete guardar o que sabe em segredo, e não contar para Pietro que ele e Kahrolina se conheceram na terra, anteriormente, em outra vida. E cansada Rebeca decide se deitar um pouco . 


                                                                      O ALTAR 


Meu bem que hoje me pede pra apagar a luz 

E pôs meu frágil coração na cruz 

No teu penoso altar particular 

Sei lá, a tua ausência me causou o caos 

No breu de hoje eu sinto que o tempo da cura tornou a tristeza normal 

E então, tu tome tento com meu coração

 Não deixe ele vir na solidão 

Encabulado por voltar a sós 

( Altar Particular -Maria Gadú). 


    Um ano de noivado de Luiza e Lucas o jovem casal se preparava para as bodas, a casa de rochedo era no alto na colina ,próximo onde hoje é a BR que vitimou Pietro, no alto da mansão todos comemoram o noivado deles, Lucas olhava para a Luiza com um amor, que nunca pensava que fosse existir, eis que na espreita ,entre as frestas da casa Maria Teresa olhava pelas janelas, perto do jardim, seus olhos escuros como jabuticaba estavam fixos e incrédulos, aquele era o homem que ela amava em segredo, e agora aquele amor todo alí seguindo e se declarando para outra. Lá dentro Luiza dizia que amava Lucas mais que tudo na vida, o casal estava muito apaixonado, e todos faziam votos de felicidades ao casal que se casaria na Igreja Nossa Senhora do Kaytê , uma igreja dourada e construída pelas pessoas escravizadas no século XVIII, e banhada a ouro, em homenagem a santa que dava nome ao povoado. Cleia Machado Medeiros chama sua filha do jardim: -Maria Teresa? Vamos entrar para dentro, e dar felicidades aos noivos. O pensamento de Maria Teresa se desfaz ,e o brilho que existia em seus olhos dá lugar a uma imensa dor , a mãe a senhora Cleia não presta a atenção nos olhos de Teresa , e ambas entram dentro do casarão dos Dellanore, a família mais nobre da região. No instante em que entra na sala Maria Teresa vê Luiza exibindo seu anel de noivado, era um diamante com tons azuis que brilhava intensamente, era um quartzo raro e precioso, que valia uma fortuna, sob a luz refletida no diamante o olhar de Lucas aparecia ao fundo comprimentando os senhores da alta sociedade,tudo seguia plenamente como o de costume. E até aqui,nessa afetuosa cerimônia tudo ia se tornando em um lento pesadelo para Maria Teresa e,ela se recordava do dia em que se apaixonou por Lucas, quando esse lhe fora apresentado em uma tarde no casarão,por sua amiga Luiza, até ali não havia nada entre eles, e Maria Teresa sentia que havia se apaixonado mas por sua infelicidade o que virá com o tempo e, se obrigará a ver foi o amor de Luiza e Lucas nascer diante dos seus olhos,com toda a intensidade que ela não poderia suportar. 

    Como era muito cristã, Maria Teresa fez novena e penitência para se livrar desse amor,mas lentamente definhava, pretendentes que lhe eram apresentados e lhe faziam cortejos eram sumariamente desprezados por ela, homens de posse, bonitos, e mais atraentes não lhe fazia a menor questão, seu pai o senhor Deodoro Machado a ameaçava trancafiar-lhe em um convento, mas como não era rude e tinha um amor gigante pela filha, cede às chantagens de Tess, como era carinhosamente chamada e voltava atrás na decisão. Porém naquela noite, Tess preferia qualquer coisa, do que ver aquilo,um tiro no peito,ou o silêncio gigantesco do convento Maria Betina, qualquer prisão era melhor do que aquilo que ela vivia há dois anos,inconformada com sua própria dor e não superação,Maria Teresa resolve sair do casarão, em meio aos festejos, e lentamente vai sobre os rochedos, olha que em volta era o mar frio que a consumia, olhou ao fundo, lembrou dos olhos azuis do lucas, do azul do anel que ela tanto queria que estivesse no seu dedo,um mix de dor se misturava aquele imenso azul da noite, e do mar nos rochedos,ela com seu vestido vermelho foi seguindo pela rua de paralelepipedo em caracol até lá embaixo , e dali foi lentamente entrando nas águas perto das corredeiras,e foi deixando seu corpo ser levado,prendeu a respiração e deixou seu corpo ser jogado contra as pedras, onde as ondas batiam,foram três vezes a primeira batida foi com o peitoral, a segundo, de olhos bem fechado a palma das mãos estraladas, e a terceira fatal a cabeça frontalmente nas pedras. Nesse instante todos já havia sido avisados na festa que Tess havia desaparecido, seus pais e todos os convidados foram tentar encontrar a infeliz moça, ei que o caseiro, seu bastião informa que viu a moça se esgueirar perto dos rochedos, Lucas conhecia a região e foi lhe resgatar,com a ajuda de uma corda, junto ao pai e seu irmão içaram o copo de Maria Teresa, a cabeça da moça sangrava mas ela ainda respirava, o Doutor Eduardo Montevanes,médico da cidade estava presente e imediatamente ela foi levada para o hospital da cidade,lá foi entubada em uma maca, havia tentado o suicídio,um escândalo que deixaria todos da pequena cidade perplexos, o noivado se transformara em uma boda de sangue. Após dois dias de cuidados Maria Teresa chamava por Lucas, a mãe ouvia as súplicas da filha e foi imediatamente na empresa Dellanore, falar com o rapaz, ele não entendeu mas atendeu a senhora Cleia Medeiros Machado ,ao chegar lá,viu Tess muito debilitada, e sensibilizado se aproximou dela e pegou em sua mão, e ela respondeu: -Lucas? Ele olha para a mãe da moça que acena com a cabeça em prantos e sai da sala para deixar a filha a sós com o moço, naquela altura o coração de mãe já havia percebido do que se tratava o sofrimento de sua filha. Ele responde: -Oi Tess, sua mãe pediu para que eu viesse, me disse que você queria falar comigo, se for para agradecer por ter salvado sua vida, não precisa querida,eu fiz isso porque todos somos preciosos perante a Deus, de quem eu tenho infinito amor e temor. Maria Teresa olha acamada para lucas e diz: -Me escute. -Aquele dia no casarão quando eu fui apresentada para você,naquele instante em que te vi ,te amei,como nunca poderia imaginar. Lucas olha atônito para Maria Teresa, e diz que não pode corresponder o que ela deseja. Tess olha para ele e diz: -Vou para as moradas inferiores como a senhora do carmo havia me dito, sinto que não há salvação sem amor. Lucas pede perdão a Tess e diz que ela ainda pode ser amada como nunca. Ela olha para ele e diz: -Me resgata, eu vou lhe esperar na imensidão,não precisa ser nessa vida, porque dela sinto que partirei, mas em outro lugar lá eu estarei, a sua espera, e a certeza que esse amor que eu sinto por nós dois, um dia será dividido com você. -Você vai me amar, como eu sempre desejei,nós seremos um só em um imenso azul. Lucas com medo que o estado de Maria Teresa piorasse, promete que irá ao seu encontro um dia. Tess lhe pede um beijo: Lucas olha com pena e ternura e lhe dá um beijo em sua testa,uma lágrima cai dos olhos de Teresa, e ela diz: -Esse beijo um dia será desejado por você mas não mais me encontrará, com sede dele você irá e voltar para mim. Lucas olha os olhos de Teresa, e vê que eles abertos e secos se encontram, e ali ele vê que ela está morta, a mãe dona cleia abre a porta e grita em desespero. Maria Theodora Medeiros nascida em abril de 1935 e morta em abril de 1955 causa suicídio nos rochedos do casarão dos Dellanore. 

    Lucas se sentia atormentado desde então, em segredo,ia a casa de Teodorica constantemente, entrava em seu quarto sempre com a desculpa de ver os pais da jovem morta, e olhava seus diários ,lia seus poemas e se sentia culpado , a princípio, com o tempo após o casamento com Luiza não conseguia ser feliz, vivia atormentado, foi o primeiro desquite da cidade, Luíza não suportava mais dividir o marido com um fantasma,e rompeu,se casou sem amor com seu primo, Maurício Dellanore e nunca foi feliz, após sua morte com um tiro na cabeça foi para moradas inferiores na esperança que sua alma gêmea voltasse para lhe resgatar. Lucas Lourenço Dellanore morreu solitário em seu casarão dos rochedos,dividido pelo amor de Luiza e atormentado pela paixão suicida de Maria Theodora, o marido de Luiza passou a criar o filho adotivo dele e de Luiza: Raul Dellanore, ele seguiu com a empresa de venda de frutos do mar que nos anos setenta se tornaria uma famosa sorveteria. Raúl filho adotivo do casal se casou logo após a morte de seu pai, Maurício, com a jovem Carmen Montevanes de Abreu, com quem no final do anos oitenta, teve dois filhos: Pietro e Luigi, ambos De Abreu Dellanore eles foram criados em uma casa próxima a antiga mansão dos Dellanore, que virou uma rodovia que o senhor Mauricio cedeu ao Estado por desgosto, foi um homem extremamente infeliz e não soube o que era amor, tinha partido com o coração seco e reencarnaria tempos depois. 


                                                            A PROMESSA 


    Luna guardava um poema que escreveu no dia de seu casamento com Pietro mas guardava a sete chaves,nele ela revelava inconscientemente o tanto que o que estava vivendo era algo surpreendente e que se fosse uma promessa ela não poderia estar mais feliz, que amava demais Pietro e que se sentia em paz com seu espírito ao lado de seu amor,em um sentimento azul como o mar. 

    Ela agora abria a caixa e guardava rapidamente o texto que escreverá, agora se arrumava para encontrar Luiggi Dellanore queria conversar com ele a acertar as questões relativas à empresa, porque não sabia como tocar o ramo sozinha e acreditava que Luiggi não mais ficaria no Brasil, devido ao sucesso profissional que estava vivendo. -Olá, Bom Dia, senhora Dellanore. Diz a secretária para Luna e ela responde: -tudo bem , eu vim sem avisar, o senhor Luiggi se encontra, ele está aqui? A secretaria acena com a cabeça e diz que sim,antes que a mesma acordasse com a cabeça a moça adentra sala a dentro do rapaz. 

    Os dois se tratam friamente após o enterro devido às disputas do inventário, porque Luiggi não havia deixado sua herança, apenas foi embora sem muito interesse em sua parte e, agora com a morte de Pietro disputava o controle da empresa, por seu lado a única coisa que Luna queria era assegurar uma vida melhor para sua filha, já que a pequena Flor era o bem mais precioso de sua trágica história de amor interrompida com Pietro. -Eu vim sem avisar Luiggi, porque eu pensei muito e acho que a sua proposta é a melhor para o futuro da Flor. -Eu decidi cuidar eu mesma da parte que cabe a ela nessa empresa que vem sendo vendida suas ações para acionistas. Luiggi acena que concorda com a decisão e ao ver Luna extremamente nervosa pede para sair com ela daquele local e irem os dois tomar um café na cantina da empresa. Ela meio desconcertada aceita, e ambos partem para o call café dellanore. No local os dois se sentam e pressentem algo, a luz do local em tons pastéis lembra muito uma cantina italiana dos anos cinquenta. Luiggi olha para a Luna e comenta: -Sabe Luna , eu durante esse tempo da partida do meu irmão, comecei a pesquisar sobre vidas passadas e ir muito atrás de terapias para entender o porquê de tanto sofrimento, eu sei que devo ter contribuído para que isso de certa forma terminasse assim, mas eu não imaginava o peso que isso teria em minha vida. Luna fita o olhar em Luiggi e sente uma dor no corpo que começa nas mãos e vai até a cabeça, e sente um frio incontrolável. Luiggi então pergunta: -Você está bem ? ela diz: -Eu sempre tenho isso, o Pietro nunca entendia, por volta das vinte horas da noite, mais ou menos de vez em quando eu sinto muito frio acompanhado de dor, como na cabeça. -Mas eu achei interessante o seu assunto, não duvido porque tudo que o seu irmão me proporcionou em vida foi tão mágico, que foi como um sopro uma segunda chance até mesmo para mim, como algo que não conseguimos viver em outra vida. 

    Os cafés chegam e ambos passam a conversar ali em meio aos lanches do local, por um momento não se davam conta do que o destino estava lhes reservando. O Porquê Kahrolina está nas moradas inferiores ,tudo é escuro e lento, ao redor pessoas desesperadas e arrependidas gritam por todos os lados e ela está em volta desses pensamentos, o céu é sempre cinza escuro,ela olha o tempo e para o vazio, quando uma dor profunda na cabeça é sentida , ela põem a mão sobre o membro e sente um buraco grande sobre seu crânio, ela grita mas não é ouvida, quando Rebecca e Claudinho lhe acodem e dizem: -Foi só um sonho Kahrol. -Você está aqui conosco querida. -eu sei mas eu estava lá, eu voltei lá outra vez. -Lá onde Kahrol? -Para o lugar de onde eu fiquei por muito tempo quando morri naquela outra vida. - O lugar em que eu vivi quando ... Nesse instante Pietro entra no quarto e também abraça Kahrolina e diz para ela se acalmar que tudo está em paz agora. Ele ainda diz ; Não compreendo quando você diz outra vida? Onde você esteve? Kahrolina se solta de Pietro e sai correndo para fora, Rebecca vai atrás e claudinho segura Pietro que indaga: O que está acontecendo com ela? Caludinho aflito lhe responde: Pietro eu queria que você recordasse mas você está lá preso ao destino que se cumpriu, o seu esquecimento causa dor em Kahrolina, o véu da ultima vida permanecesse em você meu amigo. Pietro olha para Claudinho aflito e com olhar de espanto mas sem compreender o que estava ocorrendo se queda em silêncio. Rebecca alcança Kaholina e diz: Você vai acabar retornando, por favor pense nas meninas, pense nelas!! Kahrolina grita: Ele não lembra, eu lembro de tudo, eu ainda tenho ódio dela, ela me fez infeliz, eu a odeio muito!! Rebecca agarra Kahrolina que está fraca segura fortemente e diz: Esse ódio não vai fazer com que ele se recorde de ti. 

    O véu do esquecimento cairá mas não é o momento, as relações não karmicas que eles tiveram na ultima vida se tornou dahrma. Se acalme Kahroline. Os Rochedos Maria Theodora nas moradas inferiores vagava pela escuridão em meio às almas que como ela amargaram o mais puro arrependimento, ela sabia que tinha deixado o homem que dizia amar com um sentimento de culpa, incurável, o que deveria ser feito? era o que ela se perguntava constantemente. 

    Certo dia espiritos de luz lhe visitaram ela foi até eles, nele havia uma senhora, era sua mãe, ela tinha ido lhe buscar ao ver e reconhecer a senhora, Theodora lhe abraça demoradamente e através desse abraço vem a promessa que ela tentaria fazer através do amor que todo o mal que causou fosse revertido, e que ambas iriam renascer juntas novamente. Quando chega no Lar São Luz de Aquino, outra morada de luz ao lado de sua mãe a moça fala: -Mãe , eu fiz com que ele me prometesse . -Lhe prometesse o que? -Que iria me amar em outra vida, e que nesta seríamos felizes. -Você sabe a dor que causou na vida dele e de sua noiva? Eles nunca mais foram felizes, de tristeza ela se casou com outro, e esse rapaz foi muito infeliz minha filha, morreu velho mas com muita amargura, ninguém sabe por onde ele anda, qual morada inferior se encontra,voltará frio e seco com todos. -Eu sei, eu quero seguir o amor e reparar esse mal, fazer com que a promessa dele se torne fácil de ser cumprida, que os dois de alguma forma possam se reencontrar em alguma morada e que esse rapaz com quem luiza se casará tenha a chance de ser amado por mim. Emocionada diante do gesto e da compreensão de sua filha, responde: -Eu vou contigo. -Vamos reencarnar juntas e fazer da vida dessas pessoas um fio de esperança. -promete? -Prometo. ...Flor vai para o quarto de Luna, e olha para sua mãe, nesse instante sentindo a presença da menina, a moça acorda, e pergunta: -Flor, minha filha está tudo bem? -Sim esta, eu tive um sonho. -Ruim? -Não, era bom e vim correndo lhe contar. -Conta para a mamãe então. -Eu era uma senhora muito bonita, e eu tinha uma filha pequena, e parecia com você, só que ela não tinha essa cor de pele nossa, bonita e perfeita era pálida, como nós somos mas pálida. -Não. -Não, elas eram pálidas, quase não tomavam sol. -Segurando o riso, Luna presta atenção na conversa da filha, um pouco impressionada. É que mais. -A menina tinha os seus olhos, eu penteava você, seus cabelos eram cacheadinhos também. - Você olhava p mim mas era bem pequeninha. -A é então agora tudo se inverteu né mesmo. -é agora você é que me manda fazer o dever de casa. Luna abraça Flor e as duas se abraçam no casarão, com muitas risadas. Juntas elas faziam e cumpriam uma jornada que lhes renderia a redenção. 


                                                                   TUA PAIXÃO 


    Pietro foi até André Luiz seu mentor para saber se seria possível rever sua mulher, Luna e sua filha, Flor. André Luiz profundamente decepcionado lhe responde/: O que você pretende? -Rever quem eu amo. -Isso não é amor , é uma paixão. -Uma promessa que você fez a ela, não te recordas? -Não,do que você está falando?Eu amo minha mulher, nós estamos apaixonados. -Se não fosse essa MALDITA MORTE eu estaria ao lado dela, do corpo dela. -A Tua paixão carnal lhe deixou cego. Ela veio lhe libertar da promessa com o amor, teria um tempo,tudo estava escrito para que o seu desencarne daquela vida lhe proporcionasse a libertação. -Como Deus pode ser tão cruel e mesquinho de me deixar sem a mulher que eu amo,me responde. -A mulher que você ama Pietro não é a Luna.Olhe bem para aquilo que você não quer aceitar, você e Luna tiveram um ódio do passado, ele te aprisionou,lhe fez refém, nessa vida que vocês tiveram juntos, ela transformou a paixão em amor, esse que lhe trouxe até aqui. -Eu não quero misericórdia, eu quero sentir ela outra vez junto de mim. -Vá Pietro, sabe como retornar? -Não. Por favor me ajude. -Feche os olhos, eu soprarei em seus ouvidos, o som da sua alma te levará de volta. André Luiz põem a mão no coração de Pietro, ele fecha os olhos e quando volta a abrir esta em sua casa novamente, mas como um espírito. Passa pela casa emocionado, caminha lentamente e sobe a escada, vai até o quarto e revê Luna outra vez . Pietro entra na casa,passa pelos corredores e vai em direção a cozinha, lá ...se depara com Luna,Flor e Luiggi preparando um lanche da tarde,ele vê o irmãos e se emociona,chega próximo de todos, vê Flor arrumando a mesa e, de repente vê Luna a vontade de abraçar, demonstrar que estava ali era imensa quando reúne forças mentais para estabelecer contato como espírito, eis que vê Luiggi e Luna rindo um para o outro com, perturbado com a cena presenciada ele começa a gritar: -Para isso que você voltou? Para tomar minha mulher,minha filha, minha família. -Eu te odeio !. Enfurecido em um rompante encosta nas xícaras que caem subitamente da mesa de café. Assustada com o fenômeno paranormal Flor dá um grito, e Luna a abraça fortemente, nesse momento a janela se abre e entra um vento frio e seco pela cozinha, Luiggi então se aproxima da menina na tentativa de lhe acalmar e fala : -Flor foi só o vento . -Querida o vento deve ter derrubado as xícaras e deixou você assim ,com medo.Emenda Luna. Pietro olha para a filha e fica cabisbaixo e arrependido de ter ido até sua antiga morada, nesse momento um feixe de luz invade sua alma e o leva novamente para o Lar Flores do Campo. 

    Atormentado na volta é acolhido por António Miguel que lhe socorre. Luna saiu da consulta com a terapeuta de vidas passadas, caminhou sem chão, pegou o carro e foi em direção ao mar, se viu de fronte a sua verdade, todos os sentimento misturados, e ela ali em frente ao mar, um choro de dor, emoção, sofrimento, culpa, medo, tudo ali diante das aguas salgadas sendo dissolvidas, ela queria de alguma forma o perdão, se redimir, não era esse o caminho Toda a história de amor foi então uma promessa. Ela separou aquele casal que se amava tanto, em outra vida, foi o seu amor nocivo que causou tanta dor, a todos ali. Agora onde estava Pietro, aqui, ele não pode encontrar seu amor Os sentimentos após a sessão, o passado, o presente, o futuro Luna mergulhou nas águas, As ondas a levavam e ela mergulhava Começou a querer se ver livre de tudo Quando finalmente vai deixando as águas lhe tomarem aquela dor e lhe faltar o ar, Luiggi a puxa pelo braço, momentos antes ele se lança nas águas , mergulha fundo e lhe tira do mar. Ele a salva, ela diz que quer ir, que precisa reparar o mal que fez, ele olha para ela e diz: Não tem mal algum. Tudo já foi perdoado Olhe ao redor, eu e você, aqui. Os dois se olham, o coração bate e os dois se beijam Uma história incomum, jamais suas almas haviam se apaixonado, mas, nessa vida sim, finalmente elas se amavam pela primeira vez. 


O beijo em meio ao mar.

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