Agora, como professora de História tenho prestado a devida atenção nas datas históricas importantes do ano de 2022, temas que certamente podem cair nas provas de exames como o ENEM, o PAS e os demais vestibulares do país, datas das quais:
O Octogenário de Olga Benário.
Os 90 anos do Voto Feminino no Brasil.
Os 78 anos da Força Expedicionária Brasileira-FEB na 2ª Guerra Mundial, derrotando o nazismo e o fascismo.
Este texto e planejamento didático eu fiz na universidade para a Disciplina de Fundamentos do Ensino de História, atualmente fiz uma adaptação e utilizei em sala de aula, de acordo com o meu planejamento didático, dentro do contexto da ERA VARGAS.
A seguir o texto na integra:
O Octogenário de Olga Benário e a sua Luta Política em Movimento.
A Mulher que desafiou Getúlio Vargas.
Em 2022 completou oitenta anos da morte de Olga Benário, uma importante liderança feminina do país e do mundo, símbolo de resistência e oposição aos governos autoritários e fascistas do período das décadas de 20,30 e 40 do século XX e que durante a sua passagem pelo Brasil participou da criação da Aliança Nacional Libertadora, a ANL, movimento de oposição ao governo de Getúlio Vargas.
Primeiramente, conforme o Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil- CPDOC da Fundação Getúlio Vargas, cuja a fonte é o Dicionário Histórico Brasileiro pós 1930: antes de embarcar no Brasil e ajudar na criação da ANL, Olga que era de origem alemã e judaica, desde o ano de 1926 participava de protestos e atividades políticas na Alemanha.
De acordo com o Memorial da Democracia, o reconhecimento de suas atividades políticas levará Olga em 1934 ao Brasil, inicialmente, ao lado de Prestes seu futuro marido, para articular a criação de um partido político brasileiro em oposição ao então governo de Getúlio Vargas, em plena fase de transição do seu governo constitucional para a criação do Estado Novo, momento esse em que ele gradativamente iria implementar seu projeto autoritário de poder sobre o Estado e a população brasileira.
Como informa Gomes no seu texto: Ideologia e Trabalho no Estado Novo, inicialmente e anteriormente a criação deste Estado por Vargas, período em que Olga chega ao país, as relações de trabalho sofreram profundas alterações a partir do avanço do capitalismo, principalmente após a primeira guerra mundial e a chegada da revolução de 30, e nesse contexto autoritário surge a necessidade da criação de um inimigo externo, no caso: o imigrante. Assim, logo que chegou ao Brasil, Olga ao colaborar em 1935 com a criação da Ação Nacional Libertadora-ANL, sofreu uma perseguição política implacável por parte do Governo de Vargas.
Nesse período, como se depreende do artigo: A Repercussão da deportação de Olga Benário na imprensa brasileira, de Silva, Francisco e Domingos: o governo Vargas temendo o avanço dos protestos e de organizações como a ANL, cria e aprova pela primeira vez a Lei de Segurança Nacional, essa lei serviria de base para a prisão de Olga no Brasil em 1936, conforme esses autores: “Olga foi levada para a polícia central para depor sobre sua verdadeira identidade, enquanto Prestes fora para uma prisão do Rio de Janeiro”. (p.319). Esse momento de sua prisão foi fotografado, é o tema do texto e da imagem (ao lado) em debate e de nossa atividade pedagógica (ANEXO I). Olga é levada para depor, mas logo após, em 1936, a sua prisão é decretada e um novo processo tem início: a luta por sua permanência no Brasil, período em que estava grávida. Conforme o texto de Cervo e Clodoaldo: Transição do Período Vargas (1930-1945): nova percepção do interesse nacional: O Governo Vargas, nesse período, possuía fortes ligações com o governo nazista alemão, e estabelecia acordos comerciais e diplomáticos.
Essas relações foram decisivas para a deportação de membros da ANL, e dentre eles: Olga Benário. Um Habeas Corpus chega a ser impetrado, a favor dela, pelo advogado Heitor Lima ao Supremo Tribunal Federal, mas conforme a leitura da decisão que também seguirá na atividade pedagógica (ANEXO II) o recurso é negado e Olga é deportada em junho de 1936. Em sua Biografia escrita por Fernando de Morais, consta que ela chegou à Alemanha em outubro do mesmo ano, logo em seguida é encaminhada para a prisão feminina da Gestapo em Berlim, onde nasce Anita, sua filha, que é retirada dela pouco tempo após o seu nascimento.
No ano de 1939 é encaminhada para o campo de concentração de Ravensbruck, onde organizou protestos até o fim de sua vida, conforme a escritora e jornalista inglesa, Sarah Helm.: “Sabemos sobre os protestos que organizava, seu trabalho como chefe do bloco judeu. Era uma mulher forte, que se sobressai, às outras prisioneiras ficaram muito impressionadas com ela. (DW. Entrevista. Trecho. 01.05.2017). Em fevereiro de 1942 Olga é levada para o campo de Bernburg, onde foi assassinada em 23 de abril do mesmo ano, anteriormente, antes de sua partida escreveu uma carta para sua filha e para o seu marido (ANEXO III), em que afirmava ter lutado por um mundo mais justo.
O Octogenário de Olga Benário é uma data para lembrar a história de vida dessa importante liderança política que contribuiu para a luta contra diversos regimes autoritários, desafiando e contestando os seus governos, como o de Getúlio Vargas. Mulher, Mãe e Militante o seu legado deve sempre ser lembrado pelas futuras gerações como exemplo de luta e resistência política em constante movimento.
Atividade Pedagógica: Vamos organizar um seminário para debater a importância sobre: O Octogenário de Olga Benário e a sua Luta Política em Movimento. A Mulher que desafiou Getúlio Vargas? Você deverá compor um dos três grupos para participar do seminário da atividade, que será dividida em três partes:
1. Olga e o contexto de sua Prisão: Nessa discussão você e o seu grupo devem com base na imagem de Olga Benário sendo levada para depor no Rio de Janeiro (Anexo I: A vida de Olga Benário Prestes | Acervo (globo.com), argumenta sobre os seguintes aspectos: O contexto de sua prisão e o governo Getúlio Vargas.
O grupo fará uma breve apresentação da pesquisa elaborada e depois dará início a discussão com o restante da turma. Será o único grupo que deverá entregar uma versão digitalizada da pesquisa para o professor (a).
2. A Decisão do STF : O contexto da discussão desse grupo, a partir da imagem de Olga sendo levada para depor e da leitura do voto de um dos ministros do STF sobre o Habeas Corpus impetrado a favor dela (Anexo II: Pesquisa de jurisprudência - STF), em 1936, terá como argumento um debate sobre a Importância política de Olga Benário, enquanto mulher e Imigrante nesse contexto político e social na década de 30, do século XX.
Esse grupo fará uma breve apresentação da pesquisa elaborada antes do debate com a turma. Será o único a entregar um micro scrapbook, de uma página, para a turma.
3. A Última Carta como Fonte Histórica: A proposta a ser trabalhada por você e o seu grupo aqui será, a partir da imagem de Olga Benário sendo levada para depor no Rio de Janeiro e da leitura de sua última Carta ( Anexo III: Carta de despedida de Olga Benario | Revista Movimento (movimentorevista.com.br) Debater sobre:
Qual o contexto histórico e em que circunstâncias a carta foi escrita?
Como e porque a carta foi divulgada?
Porque chegou ao conhecimento público?
Qual a sua importância para a história?
Será o único grupo que deverá fazer uma apresentação por slides ou cartolina, obrigatoriamente.
Referências Bibliográficas
Da Silva, Leopoldo Leal Martins. Francisco, Gabriela Hahn e Domingos, Charles Sidarta Machado. A Repercussão da Deportação de Olga Benário na Imprensa Brasileira. Temporalidades- Revista de História, ISSN 1984-6160, Edição 23, V. 9, N (jan./abril 2017).2017.
Freitas Neto, José Alves e Tasinafo, Célio Ricardo. História Geral e do Brasil. 2 ed. São Paulo. HARBRA,2011.
Cervo, Amado Luiz e Bueno, Clodoaldo. Transição do Período Vargas (1930-1945): Nova percepção do Interesse Nacional. História da Política Externa do Brasil. 3. ed. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 560p. 2008.
Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil- CPDOC. Dicionário Histórico Biográfico Brasileiro pós 1930. 2ª ed. Rio de Janeiro: Ed. FGV, 2001.
Morais, Fernando. Olga. Ed. Companhia das Letras. 2001.
Gomes. Ângela de Castro. Ideologia e Trabalho no Estado Novo. Capítulo 4. Repensando o Estado Novo. Organizadora: Dulce Pandolfi. Rio de Janeiro. Ed. Fundação Getúlio Vargas, 1999.345 p.
Memorial da Democracia 2015-2017. Fundação Perseu Abramo. Memorial da Democracia -
Roberta Jansen. Olga acreditou até o fim que seria libertada. Cultura. Entrevistada Sarah Helm. DW Brasil. 2017. ″Olga acreditou até o fim que seria libertada″ | Cultura europeia, dos clássicos da arte a novas tendências | DW | 01.05.2017
Acervo. O Globo. Jornal fundado em 1925. Arquivo. Foto galeria. A vida de Olga Benário Prestes | Acervo (globo.com).
Supremo Tribunal Federal. Habeas Corpus-HC nº 26.155. Coordenadoria de Análise de Jurisprudência: matéria civil, matéria criminal, STF, VOL 30, página COLAC nº 960-1. 1936. Pesquisa de jurisprudência - STF
Revista Movimento. Carta Despedida de Olga Benário. Carta de despedida de Olga Benario | Revista Movimento (movimentorevista.com.br)
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