A História da Presença Humana Indireta em Marte e os Dilemas da Teoria da História:

     Olhando para o meu passado encontrei novamente um relatório do final de 2020,  o ano mais difícil da minha vida, ano em que perdi o meu pai, e nesse reencontro com esse relatório de Teoria da História que eu não levei uma boa nota, questionei se podemos falar que existe uma História nossa, de seres humanos ocorrendo em Marte, através da robótica, eu estava olhando para o Universo para compreender a vazio imenso que estava no meu coração com a partida do meu pai.  

Enfim, segue na integra o relatório: 



    A História da Presença Humana Indireta em Marte e os Dilemas da Teoria da História: 

    Ao analisar uma fonte contida no site e jornal de divulgação científica Science percebi através do estudo sobre a descoberta da aproximação do planeta marte da terra, de novembro de 1881, o quanto o ser humano ao longo do tempo reestrutura as formas pelas quais estabelece as suas relações entre o passado e o futuro. Do ano de 1881 para novembro de 2020, neste tempo presente, o homem de uma observação indireta do planeta vermelho passou a ocupação do mesmo via tecnologia de robótica, há uma presença humana indireta em marte pela qual estudos avançados vêm sendo elaborados e desenvolvidos, como os estudos publicados pela revista Nature em fevereiro deste ano que detalhou parte da estrutura geofísica do solo marciano. 

    Araújo no texto História da Historiografia como analítica da historicidade ao fazer uma defesa bem articulada sobre a importância de uma autonomia disciplinar da História da Historiografia e da necessidade que ela traz em avançar no conhecimento histórico, através de uma linguagem própria, questiona além da questão do campo dos fenômenos típicos dessa história o próprio pensar histórico. Assim como é uma realidade a presença humana em solo e no espaço aéreo marciano, por satélites e robôs manuseados há distância pelo homem, há uma historicidade com uma generosa produção historiográfica vislumbrando novos horizontes temporais, e estes novos horizontes não conseguem ser explicados, fundamentados apenas por projetos disciplinares ou comunidades acadêmicas da historiografia ou de comunidades acadêmicas das demais subdisciplinas, assim como o homem anseia por um novo espaço para explorar ,produzir, se reproduzir e se desenvolver, a história da historiografia necessita de sua autonomia com campos de fenômenos e objetos próprios para dar conta dessas explicações. 

    Para Araújo, quando dialoga sobre a questão da comunidade acadêmica, e o problema de se repensar a historiografia para além do método: “ um dos desafios da comunidade é não se limitar a uma mera descrição desses fenômenos, mas compreender as suas formas de produção e suas lógicas de transformação”. (p.43). O método e o rigor historiográfico tem sua importância, mas é necessário que uma reflexão teórica esteja em equilíbrio e presente nessas pesquisas. Nesse sentido sendo a historicidade a condição humana, pautada na necessidade de produzir culturalmente, e tecnologicamente ao longo de um tempo histórico, parece pertinente a provocação do autor em problematizar a necessidade que os fenômenos historiográficos sejam pesquisados pela subdisciplina historiografia da história. Ao realizar uma auto reflexão empírica do texto com a ocupação humana em marte, surgiu o seguinte questionamento: Se a presença humana se constitui a partir do acontecer, do que autor considera, entre “estar no tempo” e “ ser para o seu tempo”, como explicar novos fenômenos históricos que desafiem a teoria e o método ao mesmo tempo?. Parte da resposta há essa dúvida pode estar relacionada na forma como se constituiu o discurso histórico na antiguidade, na modernidade até a atualidade. 

    No texto de Teixeira que fala de: Uma Construção de fatos e palavras na antiguidade as questões que desafiavam o que se entendia como história eram moldadas através da concepção do poder da retórica. Na Grécia no século V a missão de salvar os acontecimentos históricos do esquecimento, segundo teixeira, era garantida pelo testemunho ocular daquele que se colocava inserido no próprio acontecimento em detrimento dos relatos orais. Havia na antiguidade a noção de que a história seria a complexa descrição da ações humanas. As ações que desafiavam o entendimento no período não eram consideradas, mas rechaçadas e estavam longe da virtuosidade e do caráter moral da história, almejada para os romanos e demais latinos. Para os latinos a autópsia dos relatos orais passou a ganhar peso diante da necessidade de construírem um discurso moralizante sobre a narrativa, como forma de educar seus ouvintes e leitores. Xenofonte é o primeiro a introduzir um caráter moral para as histórias. Isto porque: “para os latinos, a produção de uma lição de virtus pelo ouvinte ou leitor do relato histórico era o ponto crucial”. (pp.557). 

    Ao fazer uso de uma perspectiva teórica sobre uma possível história de marte colocada na concepção do que se entendia como história na antiguidade, seria desenvolvida através de um testemunho ocular, das análises dos dados que os recursos tecnológicos da robótica disponibilizam, combinando com os efeitos persuasivos do acontecimento que seria os pousos das espaçonaves no território alienígena, talvez o tom se constitui se da necessidade da conquista como fator vinculado ao heroísmo,em uma narrativa de louvor desta ação. Ressalta-se que a forma de conhecimento antiga na narrativa combinava os dados políticos com o louvor, como em Heródoto. Hoje após a modernidade inconcebível tal discurso, a história é pautada enquanto ciência, no método, na reunião de provas através de fontes com toda uma problematização das evidências, típicas da própria da atualidade. 

    Antônio falava sobre a necessidade de ornar os discursos para gerar nos leitores ou ouvintes os efeitos desejados. Hoje em história após o rigor do método e da pesquisa para a sua conceituação como ciência é inconcebível tal concepção mas outras formas de representações do passado se utilizam desse discurso, como a literatura e nas artes. Na antiguidade a história seguia um ordenamento : “ as leis da história constituem premissas necessárias, sem as quais mesmo uma narrativa convenientemente ornada não se revelará eloquente e persuasiva, precisamente por carecer de conhecimento da matéria” ( P.560). Segundo o autor, em Cícero o respeito às leis da história somente não era capaz de tornar útil uma história, era preciso que o orador possuído de uma boa retórica fosse capaz de convencer os ouvintes a virtuosidade. Um paralelo distante proporcionado pela representação de um passado, podem ser encontrados em discursos audiovisuais da atualidade, como os do canal oficial da administração nacional do espaço da aeronáutica norte-americana, a nasa, como no vídeo: Countdown to mars: A Story of Perseverance, em português contagem regressiva para marte: uma história de perseverança, em que o testemunho daqueles que vem desenvolvendo a tecnologia que proporciona a presença humana, indireta, no planeta vermelho, é relatada através de todo um discurso persuasivo, moralizante sobre a conquista desse espaço, algo que não tem o rigor da ciência história em si mas narra uma conquista, e consegue levar seus leitores a pensarem nessa conquista pela ótica deles. 

    A compreensão do que se definia como história na antiguidade apesar de elucidativa do ponto de vista do desenvolvimento do pensamento humano sobre o pensar histórico, não consegue explicar o seguinte dilema: como explicar novos fenômenos históricos que desafiem a teoria e o método ao mesmo tempo?. Tozzi no texto Hayden White y una filosofía de la historia , fala sobre a tentativa do historiador Hayden White em igualar história e literatura, uma teoria complexa uma vez que há uma filosofia que debate o narrativismo da história, e a mesma foi separada do narrativismo ao longo do tempo quando passa de uma simples forma de representação do passado para uma ciência com método e rigor próprios.Tozzi explica que : “Así white se apropiará de la teoria literaria para pdocucir una teoria de la obra histórica, que especificaré como teórico-literariamente informada, para iluminar su pretensión de representar realistamente el pasado” ( p. 76). Segundo Tozzi não existe uma única maneira de representar realisticamente a realidade uma vez que os critérios sobre a questão vem se modificando ao longo do tempo. No texto Tozzi afirma que o campo histórico se constitui como um domínio sobre o qual o historiador pode aplicar suas próprias concepções ideológicas ou as suas preferências narrativas. Falar em uma história de marte através da presença humana indireta, pelos recursos tecnológicos, é narrar um acontecimento que desafia a teoria e o método da história atualmente, nesse sentido em que no texto de Tozzi fala-se de outras formas de representações realísticas sobre a realidade como combinar as análises pulsantes contidas em outras ciências, mais o arcabouço do fascínio humano encontrado na literatura sobre a questão com as possibilidades combinatórias presentes nesse texto?. 

    Primeiramente as possibilidades combinatórias em Tozzi se enumeram: nos recursos, como eventos em que a beleza da forma, tão presente na antiguidade, perde o sentido diante não só de um rigor do método, próprio da ciência mas com o incremento e uso ideológico dos discursos em que formas discursivas são utilizadas para configurar a realidade. A metahistórica de White se se insere como alternativa, diante da concepção atual da prática historiográfica em que o desejo de representar realisticamente o passado, registrando e relacionando os acontecimentos significativamente seria uma das formas de informar sobre a ocorrência de um evento do passado. A descrição da presença humana indireta em marte, abre novas possibilidades para a historiografia, por exemplo, combinar os relatos daqueles que lidam com os dados que vem dos recursos tecnológicos seria uma forma de produção de uma história sobre marte. Ocorre que como o defendido no texto a história não seria a única forma de representação desse passado em construção. 

    Paul, no texto que elabora sobre a questão do historicismo fraco procura compreender a questão da historiografia entre o equilíbrio das virtudes intelectuais e as situações historiográficas, das quais: o gênero da escrita, o problema de pesquisa do próprio historiador e o estado da literatura especializada são fundamentais na construção do discurso histórico. Contextualizando com os dilemas de uma história em marte vamos lidar com o seguinte problema de pesquisa: Um historiador fascinado com as pesquisas de outros ramos científicos sobre marte, resolve inserir o debate historiográfico na questão. Ele tem como fonte os relatos destes cientistas que desenvolvem os recursos tecnológicos que possibilitam a conquista humana deste espaço, ainda que indiretamente, e daqueles que coletam os dados desse território através desses recursos, e transforma os mesmos em pesquisas em diversas áreas do conhecimento. O historiador ao longo de sua pesquisa quer trabalhar com a narrativa de que há uma história em marte, e essa seria construída através das relações humanas que se estabelecem indiretamente por esses profissionais da ciência, na dinâmica relacional que os mesmos desenvolvem indiretamente, nessa ocupação do território marciano via robótica. 

    O historiador pela perspectiva do texto de Paul encontraria dificuldades no seu balanço bibliográfico, não há até o momento ou até onde a estudante aqui pesquisou, nenhum debate no campo acadêmico sobre essa questão, o mesmo também encontraria dificuldades nas pesquisas recentes, isto porque as mesmas não relacionam a historiografia com a presença humana indireta no solo marciano, seu campo especifico de investigação estaria limitado pelo próprio dilema inovador contido no problema que quer desenvolver pela história. O historiador poderia trabalhar com a questão teórica das diferentes hierarquias das virtudes intelectuais do texto de Paul para problematizar a questão das diferenças do gênero, do seu problema de pesquisa com o estado da arte que a produção historiográfica do seu trabalho irá produzir. Conforme o autor: “ A chave para que essa posição encontra-se na premissa de que existem hierarquias de metas intelectuais, da mesma que há hierarquias de virtudes intelectuais” (p.37). O mais importante dessa pesquisa hipotética, de quando se fala desse dilema que desafia a teoria e o método histórico seria a concepção de que há uma história humana se desenvolvendo em marte e que a mesma não se dá pela presença física do ser humano mas das relações que ele estabelece nesse espaço através de robôs. 

    O porquê essa pesquisa hipotética se relaciona com o texto de Paul? deve ser a pergunta presente na mentalidade do leitor, que até aqui chegou. Simplesmente como o autor afirma a meta intelectual da historiografia é a compreensão histórica, para o mesmo: “ ainda que possa haver diferentes hierarquias de metas intelectuais, é característica fundamental da erudição histórica a precedência da compreensão sobre as demais metas, não podendo essa compreensão ser obstaculizada pela vontade de aprender com o passado ou pelo desejo de julgar os méritos relativos daqueles que vieram antes de nós”. (p. 39). Cada construção sobre o pensar histórico, seja na antiguidade, na modernidade até o tempo presente foi importante para que o debate teórico ganhasse mais espaço dentro da ciência história. Os dilemas sobre se há ou não uma história humana em marte talvez dure muito tempo, uma vez que conforme pesquisas, como o artigo: Red risks for a journey to the red planet: The highest priority human health risks for a mission to Mars, publicado neste ano pela revista científica nature demonstrou e de forma humoristicamente o canal do youtube : The Infographics Show, no video: Why you Wouldn't Survive a missio to mars ilustrou, não há outra forma do ser humano estabelecer relações no território marciano se não pela via indireta presente nos recursos tecnológicos que dispõem, uma vez que o corpo e a saúde humana é frágil para a estrutura espacial. Se vai desenvolver tecnologias e chegar em solo marciano são outros dilemas. 

(Universidade de Brasília-UNB Departamento de História Teoria Da História Professor: Luiz César de Sá Aluna: Kíssima Garcia/170148106 Semestre: 2º/2020 Data: 13.11.2020 2º Relatório dos textos de teoria da História). 

Referências Bibliográficas: 

Fonte : 

Imagem do Google. 

A.Hall. The Satellites of Mars. Tribune Building. New York. 1881. Science. link: https://science.sciencemag.org/content/os-2/75/557.1. Pesquisas: Nasa. Nature. Texto: A Year of Surprising Science From NASA's InSight Mars Mission. 2020.

 Nature. Red risks for a journey to the red planet: The highest priority human health risks for a mission to Mars. Zarana S. Patel, Tyson J. Brunstetter, William J. Tarver, Alexandra M. Whitmire, Sara R. Zwart, Scott M. Smith & Janice L. Huff. Artigo. 2020. 

Vídeos: Nasa. canal oficial do youtube. Countdown to Mars: A Story of Perseverance. 2020.

 link: https://www.youtube.com/watch?v=o2t5mbpscfQ. The Infographics Show ( canal do youtube). Why you Wouldn't Survive A Mission To Mars. 2020. 

link: https://www.youtube.com/watch?v=eAOdOHVHDNc&feature=youtu.be

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